Texto de
apoio sobre Linguagem coloquial e linguagem culta
Em determinadas situações nem sempre é
possível a informalidade, é preciso atentar e obedecer as regras gramaticais e
usar uma linguagem mais formal, a
linguagem culta.
Veja este
exemplo:
- Vocês vão
ao cinema?
- Ela não lhe
disse? Nós vamos acampar.
-Acampar? Só
vocês dois?
É. Qual é o
galho?
- Não...é que
sei lá.
- Já sei o
que você tá pensando, cara. Saquei.
- É! Você
sabe como é...
- Saquei.
Você está pensando que só nós dois, no meio do mato, pode pintar um lance.
- No mínimo
isso. Um lance, até dois.
Verísssimo, Luis Fernando. O Analista de Bagé. Porto Alegre. Porto
Alegre. L&PM, 1981.
Nesse diálogo foram utilizadas expressões e
construções linguísticas coloquiais que em nada comprometem a comunicação entre
os falantes. Na apresentação de um relatório, o uso dessas expressões seria um
desastre. Observe:
Durante o projeto, pode pintar um lance, a falta de verbas, por exemplo. Esse galho,
no entanto, pode ser resolvido se os diretores sacarem para a possibilidade de se recorrer a empréstimos
estrangeiros.
Durante o projeto, pode haver alguns obstáculos, a falta de verbas, por exemplo? Esse problema, no entanto, pode ser
resolvido se os diretores atentarem
para a possibilidade de se recorrer a empréstimos estrangeiros.
Esses
exemplos demonstram que é importante adequar o nível de linguagem à situação em
que se produz o ato da fala. É importante o conhecimento da linguagem
culta para ter a possibilidade de
expressar ideias de diferentes formas, de ampliar conceitos e, sobretudo, de
ser mais bem compreendido.
Quando falamos, as palavras saem
espontaneamente, obedecem a estímulos variados, utilizamos palavras que fazem
parte do nosso acervo vocabular que nem sempre são suficientes para o próprio ato da fala. Já para escrever,
precisamos organizar cuidadosamente o pensamento, buscar palavras e frases
inteiras que representem ideias e exteriorizem sentimentos e manifestem desejos
e vontades.
Considerando essas diferenças não devemos pretender escrever como se
fala, pois falar e escrever são dois
tipos de comunicação bem distintos. Escrever é o resultado de um processo de
elaboração linguística, é uma tarefa que exige concentração, conhecimentos
gramaticais, ainda que mínimos e, sobretudo, criação; é preciso criar um texto
escrito.
Os estudos
dos aspectos da linguagem, falda e escrita, e das leis que a regem recebem o
nome de gramática normativa. É essa gramatica oficial que estabelece os padrões
cultos da língua. Paralela a essa
gramática existe uma gramática natural, isto é, estabelecida pelos
próprios falantes da língua, como alerta o professor Celso Luft a seguir:
Naturalmente , há variantes de gramática, conforme o grau de cultura ou
nível sócio cultural do falante, mas todas elas, mesmo de nível mais baixo, são
completas em si, dispõem de todos os elementos de que as pessoas necessitam
para fazer frases e comunicar-se.
LUFT, Celso
Pedro. Língua e Liberdade: por uma nova concepção da Língua materna e Seu
Ensino, Porto Alegre, L&PM, 1985